A depressão e a ansiedade são transtornos, muitas vezes, invisíveis que interferem na capacidade de trabalhar, dormir, estudar, comer e de realizar outras atividades rotineiras. Elas podem ser causadas por uma combinação de fatores genéticos, biológicos, ambientais e psicológicos. De acordo com dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), são mais de onze milhões de brasileiros diagnosticados com as doenças. A prevalência registrada é maior entre as mulheres (10,9%) do que nos homens (3,9%) 

A Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica a depressão e a ansiedade como o mal do século e, de acordo com dados do Ministério da Saúde, os transtornos já representam quase um quarto (23%) dos atendimentos ambulatoriais e hospitalares em saúde mental no Sistema Único de Saúde no Brasil. Uma das consequências desses números é o aumento das prescrições e do consumo de medicamentos indicados para o tratamento de ansiedade e depressão.

De acordo com um levantamento realizado pelo Conselho Federal de Farmácias (CFF) quase 100 milhões de caixas de medicamentos antidepressivos e estabilizadores de humor foram vendidos em todo o ano de 2020. O dado representa um salto de 17% na comparação com os 12 meses anteriores. Um estudo realizado pela ePharma, empresa associada à PBMA e especializada na gestão de planos de benefícios de medicamentos, confirma o aumento e revela que o volume de medicamentos prescritos contra ansiedade, depressão e insônia cresceu mais de 19% em 2020 no Brasil.

Motivos

O psiquiatra e pesquisador da Universidade de São Paulo (USP), Márcio Bernik, afirmou em entrevista à CNN Brasil (fevereiro 2021) que o desemprego, a incidência de mortes pela Covid-19 e o confinamento na quarentena foram os principais motivos do aumento da ansiedade e depressão na população. “Na literatura médica ao longo do ano de 2020, todos falavam de uma terceira onda de adoecimento como secundário à Covid-19. Seria o adoecimento mental secundário ao estresse imposto pelo isolamento social, pelo temor da morte de entes queridos, pela perda de renda, pela perda de perspectiva de emprego”, detalha.

Bernik alerta também para a importância da busca do paciente por um profissional psiquiatra qualificado para orientar o melhor tratamento a ser realizado e que os medicamentos nunca podem ser tomados por conta própria. Ele diz, ainda, que os números apontados nas pesquisas podem ainda ser maiores pois, devido a pandemia, muitas pessoas deixaram de procurar ajuda médica por medo de contrair o vírus ao sair de casa. “Infelizmente a imensa maioria ainda não recebeu o diagnóstico e o tratamento adequado”, finaliza.

Fontes

Reportagem da CNN disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/saude/2021/02/23/venda-de-antidepressivos-cresce-17-durante-pandemia-no-brasil

Reportagem Exame com pesquisa da Epharma disponível em: https://exame.com/negocios/saude-mental-venda-de-remedios-para-ansiedade-e-depressao-cresce-20/

Site do Conselho Federal de Farmácias (CFF): www.cff.org.br

Hiperlink PNS – https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/saude/29540-2013-pesquisa-nacional-de-saude.html?edicao=9161&t=sobre 

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