Consumo de medicamentos acelera e solução para o problema é desafio
As normas da Organização Mundial da Saúde (OMS) contra o consumo desenfreado de remédios, uma realidade delicada e cada vez maior mundo afora, são o acesso a medicamentos e o uso racional deles. Entre 2012 e 2016, houve um aumento de 42,6% na venda de remédios no Brasil, de acordo com a Interfarma com base em dados da consultoria QuintilesIMS. Quais os principais fatores do uso abusivo, e por que prescrevemos tanto?
Segundo o doutor em toxicologia e professor da Universidade de São Paulo (USP), Leonardo Régis, as consequências da cultura da medicalização têm como responsáveis a indústria farmacêutica, os médicos e os próprios pacientes. Em entrevista ao jornal Estado de São Paulo, o professor destacou que 50% dos pacientes não conseguem obter todos os medicamentos que lhe são prescritos (o que ocorre por barreiras socioeconômicas, por exemplo), e que quase 90% deles não recebem informações suficientes sobre a utilização adequada dos medicamentos.
É nesse contexto que a medicina preventiva e precisa se inserir cada vez mais. Junto a isso, a atitude de fortalecer a cultura dos Programas de Benefícios em Medicamentos (gerenciados por empresa de PBM) entre empregadores como benefício para seus empregados pode ser uma boa aliada na luta contra o problema. As PBMs auxiliam no uso contínuo e adequado de medicamentos, evitando, assim, a falta de acesso aos medicamentos e a quebra da continuidade do tratamento e, consequentemente, agravamento das condições de saúde que levam ao absenteísmo.
Automedicação
O uso abusivo de remédios tem como um dos principais fatores a automedicação, a indicação por pessoas não habilitadas no âmbito da saúde como amigos, vizinhos e familiares, ou seja, ocorrendo sem a orientação qualificada de médicos ou farmacêuticos e sem levar-se em consideração as diferentes características de cada organismo. A automedicação pode levar o indivíduo a reações alérgicas ou até mesmo representar risco à vida.
Desse modo, a automedicação e o uso indiscriminado de medicamentos podem gerar diversos problemas, como o diagnóstico incorreto, interações medicamentosas perigosas, erros na administração, na dosagem e na escolha da terapia. O ato ainda pode acarretar em dependência, resistência a patógenos e ineficácia do tratamento de possíveis doenças futuras.
Uma pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação (ICTQ), mostrou que, no ano de 2018, as recomendações de familiares, amigos e vizinhos compreenderam respectivamente 68%, 41% e 27% e de balconistas de farmácia cerca de 48%. “Talvez a medicalização da sociedade esteja mais ligada aos tempos modernos, a uma pressão maior para cumprir metas, ao estresse, além do fato de que especialistas da psiquiatria defendem que as pessoas hoje não conseguem conviver com a dor e acabam buscando refúgio no medicamento”, explicou Leonardo Régis.
Outro grave problema é a inadequação do tratamento. A OMS confirma: 50% dos pacientes tomam medicamentos de forma incorreta. “Tem de trabalhar com a propaganda, informar que, se você usar todo dia determinado remédio, pode causar uma lesão renal e terá de ir para a fila de hemodiálise. Há várias medidas para transformar o uso do remédio em algo mais racional”, pontuou o professor Leonardo ao Estadão.
O consumo desenfreado também está atrelado à carência no acesso a medicamentos essenciais por parte da população. Segundo a OMS, cerca de um terço da população mundial sofre com a falta de acesso. Ir a uma farmácia e escolher o remédio por si só se torna, então, uma saída mais fácil. A PBMA, nesse contexto, apoia as políticas de benefícios das farmácias e proporciona aos consumidores descontos nos medicamentos corretos.
Unir a consulta médica à terapia medicamentosa pode ser essencial para desenfrear o jogo do consumo desgovernado, num tratamento eficaz que diminui, consequentemente, a reincidência de doenças e acarreta na melhora da saúde e da qualidade de vida.
FONTES
https://planodesaude.net.br/blog/os-males-do-consumo-excessivo-de-remedios/