Eduardo Mangione
Presidente executivo ePharma

Nos últimos 20 anos vimos o mundo se transformar em diversas áreas. A nossa relação, seja na sociedade ou com o mercado, tornou-se ainda mais imediatista, mas não menos exigente. As novas tecnologias nos colocaram como voz ativa no processo de mudança, nos trouxeram mais transparência, mais assertividade e rapidez, além de baixo custo. Recentemente, a necessidade real do isolamento social como prevenção durante a pandemia de Covid-19 ajudou a acelerar ainda mais essas tendências, principalmente no mercado de saúde. Surgiu um novo boom no consumo online.

De acordo com pesquisa realizada pela Mastercard SpendingPulse, em 2020 a alta foi de 75% no mercado brasileiro. Os aplicativos de delivery entregaram ainda mais serviços dentro de uma necessidade real que fomos e ainda somos obrigados a manter para a segurança de todos, já que seguimos avançando, mesmo que a passos lentos, na imunização da sociedade brasileira.

O aumento da adesão ao consumo online e às plataformas de serviços que reconfiguraram a relação sociedade/prestadores também chegou à saúde. É fato que a experiência do paciente (o “Patient X”) frente às diferentes necessidades e fricções com o mercado de saúde passa por enormes transformações. Os pacientes que estavam acostumados a uma experiência de  atendimento pelo mesmo médico, longas esperas e filas, planos de saúde com regras confusas e pouca clareza nos benefícios, também com a necessidade de se locomover fisicamente à farmácia após a consulta médica para a compra e abastecimento de medicamentos, viram seu dia a dia mudar. Notou-se, principalmente no último ano, um salto na jornada de experiência digital para lidar com consultas médicas, o entendimento de serviços de saúde com maior clareza e a necessidade de um processo online e rápido de compra de medicamentos com entrega quase imediata, medidas essas que vieram beneficiar e trazer ainda mais segurança e comodidade, mostrando a capacidade de nos adaptarmos quando há benefícios. 

Entre as principais mudanças vimos a migração e a busca por consultas médicas virtuais o uso de aplicativos e tecnologias de agendamento de atendimento que oferecem transparência sobre a disponibilidade dos médicos e agendamento em qualquer momento, plataformas de telemedicina trazendo interfaces bem evoluídas que permitem a interação remota entre médicos e pacientes por meio de compartilhamento de dados via vídeo de maneira segura, e a compra de medicamentos de maneira remota que praticamente triplicou se comparado ao período pré-pandemia.

Entendo que ainda podemos avançar mais em questões que beneficiem a sociedade. Um exemplo, é a possibilidade de desenvolvimento de um prontuário online, um histórico da saúde do paciente, no qual, tanto paciente como profissionais possam ter acesso. 

A importância de digitalizar os dados têm alguns componentes-chave que a tornam essencial: permitir ainda mais acesso e a mudança em informação tanto para pacientes, quanto para médicos. As informações integradas ao ecossistema da saúde serão a grande transformação do modo como os pacientes são vistos, além de evidenciar correlações e aprendizados fundamentais sobre cada caso. Na prática, isso tem um potencial enorme de melhorar a qualidade do diagnóstico, do tipo de tratamento e do acompanhamento do paciente ao longo do tempo.

Perceba que este é um movimento natural, mas que precisa de urgência na implementação. Atualmente temos uma enorme oportunidade com os gastos de saúde no Brasil, que representam quase 10% da riqueza gerada anualmente no país. Mesmo com todo esse investimento, ainda gera insatisfação à população, e o dissabor tem grandes chances de crescer exponencialmente nas próximas décadas, dada a previsão do aumento abrupto da população idosa até 2050. Portanto, a visão macro é que todo o sistema pode ter ganhos expressivos com a digitalização.

1 comentário

  1. Fátima Garcia em 20 de julho de 2021 às 19:52

    “A importância de digitalizar os dados têm alguns componentes-chave que a tornam essencial: permitir ainda mais acesso e a mudança em informação tanto para pacientes, quanto para médicos. ” A grande questão é quem é o dono dos dados…

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