Uso terapêutico da maconha cresce como aliada a problemas crônicos
Aqui no Brasil, desde 2015, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), autorizou a importação de produtos derivados de cannabis para fins terapêuticos por meio de prescrição médica no Brasil. No primeiro ano, foram 850 pedidos; Em 2021, foram quase 40 mil. Somente em dezembro de 2020, no entanto, a Organização das Nações Unidas (ONU) reconheceu as propriedades terapêuticas da planta e a retirou da lista de substâncias perigosas, advindas de leis proibicionistas da década de 1930.
Todo o efeito negativo trazido pelo estereótipo (sobretudo em relação ao uso recreativo da erva), não impediu, no entanto, que a ciência estudasse as propriedades da cannabis pelo mundo afora.
Hoje, no Brasil, é possível comprar, com receita médica, produtos à base de cannabis nas drogarias. O crescimento desse interesse partiu primeiro dos pacientes e chegou, em seguida, aos médicos, que começaram a prescrevê-la. A aplicação atualmente é a prescrição do canabidiol (CBD), um dos princípios ativos da planta, que serve para o controle de algumas epilepsias não resolvidas com tratamento medicamentoso.
A luta foi, principalmente, viabilizada por mães de crianças que sofriam com convulsões diversas vezes ao dia. Uma publicação do Scientific Reports, do grupo Nature, demonstrou que o princípio reduz em até 50% as crises de crianças com síndrome de Dravet. Outra revisão diz respeito ao uso para o controle da espasticidade, sintoma da esclerose múltipla. Nesse caso, o tetra-hidrocanabinol (ou THC), é o princípio responsável pela vantagem.
Há evidências, também, do uso medicinal da cannabis contra dores da quimioterapia, e na melhora da insônia. Ainda não existem evidências, mas pesquisadores avaliam indicações para o Autismo, Enxaqueca, Depressão, Ansiedade e Parkinson. Tem sido testado também contra as dores da Fibromialgia, mas o uso carece de compreensão das melhores vias de administração, formulação e doses, algo que ocorre em diversas aplicações dos canabinóides, feitas na base da tentativa e erro.
Outros estudos dão conta ainda de que a cannabis pode servir no combate a dores de origem inflamatória, como artrites, e dores crônicas e agudas, como as dos beneficiados por um Plano de Medicamentos. Que estudos como estes, fundamentais para o futuro e o bem-estar de pacientes que sofrem com sintomas de variadas condições, possam ser disseminados.