Tratamento e prevenção de tuberculose são prejudicados pela COVID-19
Entre 2019 e 2020 houve queda de 21% no número de pacientes que receberam tratamento para tuberculose no mundo, o que representa 1,4 milhão de pessoas. A estimativa é da Organização Mundial da Saúde (OMS), com base em um relatório preliminar compilado em mais de 80 países, a maioria deles do continente africano.
Para a Organização, a pandemia de covid-19 colocou em risco compromissos de líderes globais de prevenção e combate à doença, que é a infecção mais mortal do mundo. Em 2020, mais pessoas morreram de tuberculose (em relação ao ano anterior), mesmo com menos serviços essenciais para a prevenção da tuberculose, de acordo com dados da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). Neste mesmo ano, cerca de 1,5 milhão de pessoas morreram pela doença.
“Este relatório confirma nossos temores de que a interrupção dos serviços essenciais de saúde devido à pandemia possa começar a desfazer anos de progresso contra a tuberculose. É um alerta global para a necessidade urgente de investimentos e inovação para fechar as lacunas no diagnóstico, tratamento e cuidados para milhões de pessoas afetadas por esta doença antiga, mas evitável e tratável”, declarou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
Para Paulo Victor, da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), que é referência para pesquisas, tratamento e diagnóstico da tuberculose, a adoção do uso da telessaúde é uma importante estratégia para se evitar a interrupção do tratamento.
Recomendação
O pesquisador enfatiza que, por serem doenças transmitidas pelo ar e também apresentarem sintomas semelhantes, a investigação do diagnóstico poderia ser amplamente divulgada e recomendada em todos os serviços de saúde, com a oferta de exames de diagnósticos tanto para ambas as infecções. “Tal estratégia poderia reduzir a subnotificação de casos de TB durante a pandemia de Covid-19”, indicou Paulo Victor.
Segundo o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, a interrupção dos serviços essenciais para pessoas com tuberculose é apenas um exemplo trágico de como a pandemia está afetando desproporcionalmente algumas das pessoas mais pobres do mundo, que já corriam maior risco da doença.
“Esses dados preocupantes apontam para a necessidade de os países fazerem da cobertura universal de saúde uma prioridade-chave enquanto respondem e se recuperam da pandemia, a fim de garantir o acesso a serviços essenciais para tuberculose e todas as doenças”, completou o diretor.